Pular para o conteúdo principal

São João del-Rei 2007-2017: Dez anos Capital Brasileira da Cultura



Há dez anos, em 2007, São João del-Rei recebeu um título de grande valor: "Capital Brasileira da Cultura". Mais do que uma simples homenagem, essa honraria foi a expressão nacional de reconhecimento da importância de nossa terra para a educação, as ciências, as artes - enfim para a cultura de nosso país.

No mesmo sentido, merecidamente, no ano seguinte, São João del-Rei se autodeclarou "Capital Brasileira da Cultura para Sempre" - uma iniciativa muito lúcida, pois o significado de uma história como a nossa 'não tem prazo de validade'!

Como Capital Brasileira da Cultura, durante todo o ano de 2007 nossa cidade sediou uma série de eventos que movimentaram ainda mais a vida cultural de São João del-Rei, que normalmente já é sempre muito intensa.

Em dezembro daquele ano, quando a cidade preparava-se para cumprimentar a nova cidade-irmã que também receberia "o título, a faixa, o cetro e a coroa", a Secretaria da Cultura de Minas Geras lançou uma edição especial de seu Suplemento, que teve na capa o detalhe de um dos sinos - que são a voz de São João del-Rei, e, no verso, um poema de Oswald de Andrade, chamado Convite. As palavras de um dos líderes do movimento modernista foram escritas em 1922 (portanto há 95 anos), durante uma viagem que os intelectuais e artistas fizeram a Minas Gerais e dizem o seguinte:

São João del-Rei
A fachada do Carmo
A igreja branca de São Francisco
Os morros
O Córrego do Lenheiro

Ide a São João del-Rei
De trem
Como os paulistas foram
A pé de ferro

A edição especial do Suplemento da Secretaria da Cultura de Minas Gerais tem artigos sobre a diversidade e as particularidades da riqueza cultural de São João del-Rei, na visão dos seguintes protagonistas culturais são-joanenses, por ordem de apresentação:

  • Adenor Simões, Lúcia Bortolo, Jota Dangelo, Ivan Velasco, Abgar Campos Tirado, Alberto Tibaji, Ulisses Passarelli, Lígia Vellasco, Antônio Carlos Guimarães, Salomé Viegas, André Dangelo, Vanessa Brasileiro, Carlos Magno de Araújo, Mário Krauss, Ana Maria Parsons, José Antônio Ávila Sacramento, Guilherme Rezende, Bartolomeu Campos de Queirós.
A publicação é ilustrada com fotografias da exposição então montada na Galeria do Teatro Leblon (RJ) de autoria de  

  • Emmanuel Pinheiro, Almir Nascimento, Antônio Celso Toko, Beni Jr., Cláudio Lopes, João Ramalho, Kátia Lombardi, Kiko Neto, Marcinho Lima, Nathanael Andrade, Photo 1000ton,  e Sebastião Machado Gomes (Jacó)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Debaixo de São João del-Rei, existe uma São João del-Rei subterrânea que ninguém conhece.

Debaixo de São João del-Rei existe uma outra São João del-Rei. Subterrânea, de pedra, cheia de ruas, travessas e becos, abertos por escravos no subsolo são-joanense no século XVIII, ao mesmo tempo em que construíam as igrejas de ouro e as pontes de pedra. A esta cidade ainda ora oculta se chega por 20 betas de grande profundidade, cavadas na rocha terra adentro há certos 300 anos.  Elas se comunicam por meio de longas, estreitas e escuras galerias - veias  e umbigo do ventre mineral de onde se extraíu, durante dois séculos, o metal dourado que valia mais do que o sol. Não se tem notícia de outra cidade de Minas que tenha igual patrimônio debaixo de seu visível patrimônio. Por isto, quando estas betas tiverem sido limpas e tratadas como um bem histórico, darão a São João del-Rei um atrativo turístico que será único, no Brasil e no mundo. Atualmente, uma beta, nas imediações do centro histórico, já pode ser visitada e percorrida. Faltam outras 19, já mapeadas, dependendo da sensi

Em São João del-Rei não se duvida: há 250 anos, Tiradentes bem andou pela Rua da Cachaça...

As ruas do centro histórico de São João del-Rei são tão antigas que muitas delas são citadas em documentos datados das primeiras décadas do século XVIII. Salvo poucas exceções, mantiveram seu traçado original, o que permite compreender como era o centro urbano são-joanense logo que o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes tornou-se Vila de São João del-Rei. O Largo do Rosário, por exemplo, atual Praça Embaixador Gastão da Cunha, surgiu antes mesmo de 1719, pois naquele ano foi benta a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, nele situada e que originalmente lhe deu nome. Também neste ano já existia o Largo da Câmara, hoje, Praça Francisco Neves, conforme registro da compra de imóveis naquele local, para abrigar a sede da Câmara de São João del-Rei. A Rua Resende Costa, que liga o Largo do Carmo ao Largo da Cruz, antigamente chamava-se Rua São Miguel e, em 1727, tinha lojas legalizadas, funcionando com autorização fornecida pelo Senado da Câmara daquela Vila colonial.  Por

Padre José Maria Xavier, nascido em São João del-Rei, tinha na testa a estrela da música barroca oitocentista

 Certamente, há quase duzentos anos , ninguém ouviu quando um coro de anjos cantou sobre São João del-Rei. Anunciava que, no dia 23 de agosto de 1819, numa esquina da Rua Santo Antônio, nasceria uma criança mulata, trazendo nas linhas das mãos um destino brilhante: ser um dos grandes - senão o maior - músico colonial mineiro do século XIX . Pouco mais de um mês de nascido, no dia 27 de setembro, (consagrado a São Cosme e São Damião) em cerimônia na Matriz do Pilar, o infante foi batizado com o nome  José Maria Xavier . Ainda na infância, o menino mostrou gosto e vocação para música. Primeiro nos estudos de solfejo, com seu tio, Francisco de Paula Miranda, e, em seguida dominando o violino e o clarinete. Da infância para a adolescência, da música para o estudo das linguas, José Maria aprendeu Latim e Francês, complementando os estudos com História, Geografia e Filosofia. Tão consistente era seu conhecimento que necessitou de apenas um ano para cursar Teologia em Mariana . Assim, j