São João del-Rei é muito fiel às suas tradições, sobretudo àquelas espontâneas e singelas, impregnadas de emoções genuínas, ingênuas e desinteressadas. Em poucas palavras, às que expressam emoções simples e muito autênticas, impulsionadas por elos de cuidado, afeto e lembranças. Como por exemplo o Natal.
Literalmente, à sombra da Serra do Lenheiro Jesus nascia em humildes presépios todo dezembro, tanto nas igrejas suntuosas igrejas quanto nas casas mais pobres, abrigado por grutas de papel armado ou estrebarias cobertas com palha ou capim, encimadas pela Estrela Guia, de cinco pontas e com sua curva calda, pendendo para a direita, ou pelo anjo celeste, com sua fita "Gloria in excelsis Dei". Junto da manjedoura, além de José e Maria, alguns animais, pastores com seu mínimo rebanho e os três Reis Magos, que após o dia de Natal, pouco a pouco iam sendo aproximados do Menino, o que só acontecia de fato no dia 6 de janeiro.
Nas casas, montar o presépio era uma solenidade. Escolhido o local e ajeitado o abrigo, as imagens antigas iam uma a uma sendo desembrulhadas do jornal que as protegia na caixa de papelão onde ficavam o ano inteiro guardadas e colocadas cada uma em seu lugar, determinado pela posição de seu corpo. A decoração se completava com areia branca, "barbas de árvore", musgos secos e plantas rústicas, muitas vezes complementando a ambientação. Todo presépio tinha a dignidade e a sacralidade de um pequeno altar.
Mesmo nas casas onde não se montava o presépio, o Menino Jesus vinha para um local de destaque, forrado por toalhas de crochê, enfeitado com flores ou plantas vivas delicadas e também consagrado, onde a família fazia orações e acendia velas.
Entretanto a urbanidade, com seus novos valores estéticos, humanos e afetivos, pouco a pouco está apagando o significado do presépio entre as gerações atuais. Os pais mais jovens em geral não dedicam mais importância a criar esse cenário mágico, privando a criança daquilo que pode futuramente ser parte de um imaginário de afeto, esperança, humanidade e boas lembranças.
Mesmo que não seja mais com espírito de fé, continuar montando em casa um presépio toda época de Natal é uma atitude importante. Ao mesmo tempo em que acaricia o espírito e reacende esperanças, é um modo de manter viva a lembrança e a memória dos nossos pais e avós que, acreditando na magia do Advento, nos deixaram esta herança sentimental que o mundo moderno está nos roubando e consumindo tanto que, se descuidarmos, não deixaremos para nossos filhos e netos.
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Texto e foto: Antonio Emilio da Costa
Literalmente, à sombra da Serra do Lenheiro Jesus nascia em humildes presépios todo dezembro, tanto nas igrejas suntuosas igrejas quanto nas casas mais pobres, abrigado por grutas de papel armado ou estrebarias cobertas com palha ou capim, encimadas pela Estrela Guia, de cinco pontas e com sua curva calda, pendendo para a direita, ou pelo anjo celeste, com sua fita "Gloria in excelsis Dei". Junto da manjedoura, além de José e Maria, alguns animais, pastores com seu mínimo rebanho e os três Reis Magos, que após o dia de Natal, pouco a pouco iam sendo aproximados do Menino, o que só acontecia de fato no dia 6 de janeiro.
Nas casas, montar o presépio era uma solenidade. Escolhido o local e ajeitado o abrigo, as imagens antigas iam uma a uma sendo desembrulhadas do jornal que as protegia na caixa de papelão onde ficavam o ano inteiro guardadas e colocadas cada uma em seu lugar, determinado pela posição de seu corpo. A decoração se completava com areia branca, "barbas de árvore", musgos secos e plantas rústicas, muitas vezes complementando a ambientação. Todo presépio tinha a dignidade e a sacralidade de um pequeno altar.
Mesmo nas casas onde não se montava o presépio, o Menino Jesus vinha para um local de destaque, forrado por toalhas de crochê, enfeitado com flores ou plantas vivas delicadas e também consagrado, onde a família fazia orações e acendia velas.
Entretanto a urbanidade, com seus novos valores estéticos, humanos e afetivos, pouco a pouco está apagando o significado do presépio entre as gerações atuais. Os pais mais jovens em geral não dedicam mais importância a criar esse cenário mágico, privando a criança daquilo que pode futuramente ser parte de um imaginário de afeto, esperança, humanidade e boas lembranças.
Mesmo que não seja mais com espírito de fé, continuar montando em casa um presépio toda época de Natal é uma atitude importante. Ao mesmo tempo em que acaricia o espírito e reacende esperanças, é um modo de manter viva a lembrança e a memória dos nossos pais e avós que, acreditando na magia do Advento, nos deixaram esta herança sentimental que o mundo moderno está nos roubando e consumindo tanto que, se descuidarmos, não deixaremos para nossos filhos e netos.
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Texto e foto: Antonio Emilio da Costa
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