Uma cidade de coração vivaz e multicor, que harmoniza os mais diversos tons e sons, para pulsar barrocos sentimentos tropicais de brasilidade. É assim São João del-Rei, e isto se vê de vários modos.
Às fachadas dos sobrados coloniais, nas demais cidades históricas tradionalmente pintadas de branco, com portas e janelas vermelhas, azuis, ocre e marrom, aqui se juntam outras, de cores suaves, porém vibrantes: azuis, rosas, cinzas, amarelas, verdes - com seus beirais e lambrequins. Pura alegria.
Mais do que em outras cidades nascidas no tempo do ouro, em São João del-Rei as sonoridades se harmonizam em compassos que ninguém imagina. Durante todo o dia 24 de dezembro, por exemplo, enquanto de tempos em tempos os sinos do Rosário repicavam o tencão de Natal, a poucos passos dali, no Largo do Carmo, uma espontânea batucada, com muito samba, celebrava a vida e a liberdade. Eram os herdeiros da noite, revivendo a conquista do dia.
Tudo sobre as galerias subterrâneas de onde se extraiu tanto ouro. Tudo sobre o chão de pedra escura, outrora manchado de sangue escravo. Tudo sob a sombra da grande caveira, há séculos suspensa no portão de ferro do cemitério e vigiada pelos ferozes capricórnios do chafariz , também de ferro.
Até na portada do Carmo - uma das mais belas igrejas de Aleijadinho -, os querubins acenavam as asas e Nossa Senhora tentava conter no colo o Menino, a desvencilhar-se de seus braços para entregar àquela gente o escapulario da estrela.
Uma das faces do Natal em São João del-Rei é esta...
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