Pular para o conteúdo principal

Negritude, consciência, direitos, conquistas, igualdade & cidadania em São João del-Rei

O Brasil inteiro comemorou hoje o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra. São João del-Rei está comemorando a semana inteira, com palestras, panfletagem, encontro de zeladores de santo (orixás), cinema, desfile da beleza negra, cortejo, danças e artes afrobrasileiras e outras atividades do Ponto de Memória Batuques / Casa do Tesouro. Tendo começado no dia 18 e prosseguindo até o dia 28, será uma semana de 11 dias. Não se espante, em São João del-Rei isto é possível, e até muito comum.

Grande parte dos eventos acontece no centro histórico, em edifícios coloniais e nos largos e ruas mais antigas da cidade, mas a programação se estendeu também pela periferia, como o Bairro Araçá, famoso por seus grupos de congada e folia de reis.

Como era de se esperar, o evento, como um todo, visa a valorização e afirmação do povo negro são-joanense, o combate ao racismo e ao preconceito; a informação, mobilização e luta por igualdade, direitos, reconhecimento e cidadania. Daí seu enfoque etno-religioso, cultural, artístico, acadêmico e cidadão.

Sente-se falta, nele, da participação das agremiações carnavalescas, dos grupos de folia de reis e de congada e das orquestras barrocas, já que os negros são parte importante e quantitativamente expressiva de sua composição.

Louvável, muito louvável, foi a inclusão - na programação comemorativa - da inauguração do trevo de entrada para o distrito são-joanense de Santo Antonio do Rio das Mortes Pequeno, onde nasceu e foi batizada a beata Nhá Chica. A intenção, inclusive, da inauguração do monumento que representa a beata e sua pia batismal acontecer na Semana Municipal da Consciência Negra é destacar que nossa conterrânea Nhá Chica é a primeira negra beatificada do Brasil.

Leia também
http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com.br/2012/05/quilombos-e-neoquilombos-de-sao-joao.html

Foto da abertura http://oglobo.globo.com/rio/restauracao-da-estatua-de-zumbi-ainda-espera-licitacao-2960797

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Debaixo de São João del-Rei, existe uma São João del-Rei subterrânea que ninguém conhece.

Debaixo de São João del-Rei existe uma outra São João del-Rei. Subterrânea, de pedra, cheia de ruas, travessas e becos, abertos por escravos no subsolo são-joanense no século XVIII, ao mesmo tempo em que construíam as igrejas de ouro e as pontes de pedra. A esta cidade ainda ora oculta se chega por 20 betas de grande profundidade, cavadas na rocha terra adentro há certos 300 anos.  Elas se comunicam por meio de longas, estreitas e escuras galerias - veias  e umbigo do ventre mineral de onde se extraíu, durante dois séculos, o metal dourado que valia mais do que o sol. Não se tem notícia de outra cidade de Minas que tenha igual patrimônio debaixo de seu visível patrimônio. Por isto, quando estas betas tiverem sido limpas e tratadas como um bem histórico, darão a São João del-Rei um atrativo turístico que será único, no Brasil e no mundo. Atualmente, uma beta, nas imediações do centro histórico, já pode ser visitada e percorrida. Faltam outras 19, já mapeadas, dependendo da sensi

Em São João del-Rei não se duvida: há 250 anos, Tiradentes bem andou pela Rua da Cachaça...

As ruas do centro histórico de São João del-Rei são tão antigas que muitas delas são citadas em documentos datados das primeiras décadas do século XVIII. Salvo poucas exceções, mantiveram seu traçado original, o que permite compreender como era o centro urbano são-joanense logo que o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes tornou-se Vila de São João del-Rei. O Largo do Rosário, por exemplo, atual Praça Embaixador Gastão da Cunha, surgiu antes mesmo de 1719, pois naquele ano foi benta a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, nele situada e que originalmente lhe deu nome. Também neste ano já existia o Largo da Câmara, hoje, Praça Francisco Neves, conforme registro da compra de imóveis naquele local, para abrigar a sede da Câmara de São João del-Rei. A Rua Resende Costa, que liga o Largo do Carmo ao Largo da Cruz, antigamente chamava-se Rua São Miguel e, em 1727, tinha lojas legalizadas, funcionando com autorização fornecida pelo Senado da Câmara daquela Vila colonial.  Por

Padre José Maria Xavier, nascido em São João del-Rei, tinha na testa a estrela da música barroca oitocentista

 Certamente, há quase duzentos anos , ninguém ouviu quando um coro de anjos cantou sobre São João del-Rei. Anunciava que, no dia 23 de agosto de 1819, numa esquina da Rua Santo Antônio, nasceria uma criança mulata, trazendo nas linhas das mãos um destino brilhante: ser um dos grandes - senão o maior - músico colonial mineiro do século XIX . Pouco mais de um mês de nascido, no dia 27 de setembro, (consagrado a São Cosme e São Damião) em cerimônia na Matriz do Pilar, o infante foi batizado com o nome  José Maria Xavier . Ainda na infância, o menino mostrou gosto e vocação para música. Primeiro nos estudos de solfejo, com seu tio, Francisco de Paula Miranda, e, em seguida dominando o violino e o clarinete. Da infância para a adolescência, da música para o estudo das linguas, José Maria aprendeu Latim e Francês, complementando os estudos com História, Geografia e Filosofia. Tão consistente era seu conhecimento que necessitou de apenas um ano para cursar Teologia em Mariana . Assim, j