São João del-Rei mantém, e dia a dia até fortalece, um ofício antigo, natural na cidade desde as primeiras décadas do século XVIII: os escultores santeiros, que precisam apenas de cinzel e martelo, troncos de madeira ou blocos de pedra, para fazerem nascer cristos, anjos, virgens, santos, querubins, mártires e toda a falange sagrada que, desde os tempos do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar, faz esta cidade mais parecer um espelho do céu.
De 1704 até hoje muita coisa mudou, o mundo deu muitas voltas. Muitas águas passaram debaixo das pontes do Rosário e da Cadeia, mudaram-se as crenças, as esperanças, os costumes, os desejos, as tecnologias, mas o fazer sagrado continua aceso entre o povo que vive à sombra da Serra do Lenheiro. Muito mais do que em qualquer outro lugar. Aqui, volta e meia se vê voar um novo anjo, chorar sangue um novo Cristo, acenar e sorrir uma nova santa - tudo brotando das mãos dos escultores santeiros de São João del-Rei.
Hoje, são bem mais que dez, muitos dos quais bastante jovens. Alguns da mesma família, aprendizes do pai. Outros, autodidatas. Há os acadêmicos, os especialistas, os intuitivos e os inventivos - todos criativos e grandes artistas. Uns já conquistaram reconhecimento nacional e internacional e há aqueles que ansiosamente aguardam por esta hora. E para isto calejam as mãos trabalhando divinamente, de sol a sol, todo santo dia...
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