O começo do mês de julho faz lembrar um tempo distante em que o Senado da Câmara da Vila de São João del-Rei era tão importante e respeitável que o estandarte daquele colegiado valia ouro. Prova disto é que no dia 1º de julho de 1716 - portanto há 298 anos - foram pagas 126,5 oitavas de ouro pela confecção da bandeira vertical que, como uma insígnia, ia à frente da corporação dos vereadores nas maiores procissões e nos cortejos oficiais.
O Estandarte do Senado da Câmara era até mais importante do que é hoje a bandeira nacional. Tanto isto é verdade que, no dia 2 de julho de 1775, a Câmara retomou sobre ele uma antiga tradição: nas ocasiões em que a Câmara saísse "incorporada", o estandarte deveria ser carregado pelo vereador mais velho do ano antecedente. E detalhou a sucessão de responsabilidades por esta atribuição, no caso de impedimento daquele titular.
Tal medida não foi sem motivo. Com ela buscavam corrigir um problema surgido no dia 24 de junho daquele ano, quando o vereador Joaquim Lopes do Vale, na procissão do Corpo de Deus, recusou-se a carregar tão nobre pendão. Como castigo, foi "preso e recolhido à cadeia por três dias, para emenda sua e exemplo de outros em semelhantes casos".
Onze anos depois, no mesmo dia 2 de julho, o Estandarte do Senado da Câmara foi levado com grande acompanhamento do Largo da Câmara para o "terreiro" do Largo de São Francisco, onde solenemente se levantou um mastro, iniciando os festejos do casamento dos infantes portugueses.
Na busca de enriquecer o conhecimento da iconografia colonial são-joanense, algum pesquisador bem poderia se dedicar a descobrir como era o Estandarte do Senado da Câmara da Vila de São João del-Rei...
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Fonte: CINTRA, Sebastião de Oliveira. Efemérides de São João del-Rei. Segunda edição, revista e ampliada, volume I. Imprensa Oficial de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1982.
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