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Mostrando postagens de maio, 2013

De mansinho, agora maio se vai. Ontem era carnaval temporão em São João del-Rei

Mês de Maria, maio é tempo sublime em São João del-Rei. Céu distante, absolutamente azul, noites de grandes estrelas frias. Tudo às vezes se esfumaça no amanhecer, cobrindo a cidade com um véu de neblina, sereno, serração e orvalho. Desde sempre foi assim. Alias, a 31 de maio de 1786, o Senado da Câmara da Vila de São João del-Rei determinou que o alcaide, vestido a caráter, inclusive usando capa,  montado em um cavalo e acompanhado de todos os oficiais da justiça e do porteiro do "Juizo", saísse às ruas tocando clarins, timbales, trompas e flautas, anunciando a todas as pessoas livres e aos senhores de escravos que as Festas Reais estavam chegando. Durante elas, todos deveriam estusiasmar-se e tocar ruidosos instrumentos. Quem quisesse, poderia até sair mascarado e dançar "qualquer tipo de dança, sem impedimento algum". Era algo como um carnaval temporão. Voltando a 2013, nesta despedida de maio, veja no link abaixo a paisagem de um estático anoitecer em São

Canta del-Rei. Encontro Nacional de Corais espalha ainda mais música sob o céu de São João del-Rei

A alma de São João del-Rei é musical. Tanto que a designaram Cidade da Música - expressão da arte que aqui reina soberana e intensamente 365 dias por ano, nas mais diversas sonoridades: do barroco ao contemporâneo, do erudito ao popular, do espontâneo e urbano ao artístico e acadêmico. Mais do que em qualquer outra cidade, em São João del-Rei tudo é sonoro.  A cidade é uma clave de sol. Agora, por exemplo, São João del-Rei vive o 4º Canta del-Rei , um encontro nacional de corais que, na versão 2013, dura dez dias e reúne oitenta corais de quase todos os estados brasileiros. A epopeia começou dia 24 e se estenderá até o dia 2 de junho, com concertos, serestas, intervenções urbanas, encontros e oficinas de preparação de cantores e regentes. Por seu porte e propósito, o 4º Canta del-Rei não acontecerá apenas nos espaços fechados de teatros, templos e auditórios. Mantendo a tradição de edições passadas, como um Córrego do Lenheiro musical, escorrerá pelas ruas antigas do centro hi

Corpus Christi em São João del-Rei: cometas e estrelas cadentes saúdam o Corpo de Deus

 Deve ter mais de trezentos anos que São João del-Rei celebra a festa de Corpus Christi, pois este é o tempo em que o arraial foi elevado à categoria de Vila. Porém, pela importância deste marco, é possível que as comemorações desta data religiosa tenham sido realizadas pela primeira vez quando nossa cidade ainda era o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes, na primeira década do século XVIII. Aliás, naquela época - e até mesmo no século XIX - Corpus Christi era uma festa cívico-religiosa. Realizada pela Igreja Católica, era patrocinada pelo Senado da Câmara, que participava da procissão tendo à frente o seu estandarte. Era a Câmara que, inclusive, determinava as personalidades carregariam as varas do pálio. Recusar ou não comparecer era passível de severas punições, pois significava descumprimento de um dever para com Deus e para com o poder português. Em alguns anos (ou décadas) chegou mesmo a se realizar, na Vila de São João del-Rei, duas procissões de Cor

Volte ao tempo do ouro e percorra 300 anos nos museus de São João del-Rei

São João del-Rei é um dos poucos lugares do país onde a cultura original continua viva . O calendário da cidade é rico e intenso, pleno de manifestações que nos fazem voltar aos séculos XVIII e XIX , principalmente quando o assunto é tradição religiosa e musical. Andar pelas ruas do centro histórico é como passar em revista à arquitetura de três séculos, do colonial ao contemporâneo . Harmonicamente, diversos estilos se intercalam e se complementam, mostrando o cenário que resultou da evolução urbana, econômica, social, religiosa, educacional, cultural e política ocorrida ao longo de 300 anos . Mas São João del-Rei possui também espaços onde a memória está materializada em obras de arte, objetos, instrumentos de trabalho, instrumentos musicais, documentos históricos, livros e todo tipo de registro. São os vários museus e memoriais que, próximos dos templos setecentistas, se espalham pelos largos, ruas e becos do centro histórico. Conheça, no link abaixo, um vídeo jornalíst

Irmandade dos Passos de São João del-Rei: bulas papais, indulgências e devoção sensorial

A Irmandade de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos é uma das mais antigas e tradicionais irmandades religiosas de São João del-Rei. Tanto que no dia 24 de maio do longínquo 1734, portanto há 279 anos, obteve do Papa Clemente XII um Breve para realizar o Jubileu das Quarenta Horas - tempo de duração da adoração feita ao Santíssimo Sacramento no período carnavalesco. No dia seguinte, novo Breve Papal concedeu indulgência de Altar Privilegiado ao altar de "Nosso Senhor Jesus Cristo dos Passos" da Matriz do Pilar de São João del-Rei, A indulgência valia todo Dia dos Defuntos - 2 de novembro - e seu oitavário, bem como infinitamente nas sextas-feiras de cada semana, pelas missas celebradas "por alma de qualquer fiel cristão". Assim, as missas noturnas celebradas todas as sextas-feiras na Matriz do Pilar são de responsabilidade da Irmandade dos Passos, que se faz presente com seus irmãos vestidos a rigor, com terno escuro e opa roxa. Nestas cerimônias, a Orquestra Rib

Ecos do Jubileu do Divino Espírito Santo - São João del-Rei, 2013

O relógio de São João del-Rei tem dois ponteiros: um aponta para o futuro, para o amanhã, para o sempre, para o porvir, para o que nunca vai chegar. O outro, para o antes das horas, para o antes de tudo, para o antes do nada, para o antes do antes. " Houve este mundo ou eu inventei? " A imagem acima e o que documenta o vídeo abaixo  inspiram esta pergunta, que pedi emprestada a Adélia Prado. Depois deste vídeo, pra acalmar a palpitação, ouça logo esta música. Homenagem sincera de reconhecimento e gratidão aos festeiros, imperadores, congadeiros, folieiros, cavaleiros, devotos, religiosos, enfim ao povo que há quase 250 anos cultiva e mantém viva e flamejante a fé que ao tempo de cada Pentecostes reluz e torna realidade o Jubileu do Divino Espírito Santo em São João del-Rei. Sobre o mesmo assunto, leia também http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com.br/2013/05/as-duas-faces-radiantes-do-divino.html http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com.br/2013/05/sao-jo

São João del-Rei festeja o Divino Espírito Santo!. No céu, na terra, em toda parte...

Hoje, quinto domingo depois da Páscoa, mais uma vez São João del-Rei está em festa, para celebrar Pentecostes - a descida do Espírito Santo, com seus sete dons, em forma de línguas de fogo, sobre a Terra. Aliás, como é onipresente, o Espírito Santo, em São João del-Rei, desce em dois lugares ao mesmo tempo: no centro histórico, onde é celebrado com solenidades  barrocamente celestes, e no bairro de Matosinhos, onde a festa tem tons populares, com congados, dança das fitas, folias, e outras manifestações que têm a alegria, o calor, o som e o jeito terrestres. Nestas, não faltam tambores, chocalhos, foguetes, cantigas, danças próprias nem rezas. Aliás, este ano, a festa do Divino Espírito Santo de Matosinhos, em São João del-Rei, comemora o 239º aniversário, pois foi realizada pela primeira vez em 1774. Com o status de Jubileu, ela completa em 2013 230 anos. Leia, abaixo, o que o Almanaque Eletrônico Tencões e Terentenas publicou sobre o Jubileu do Divino Espírito Santo de Mato

São João del-Rei tem um saudável manicômio de teatro, arte & cultura

Em São João del-Rei, a arte está em toda parte e por toda parte. No centro histórico, nos bairros, na periferia, nos teatros, nas praças públicas, em centros comunitários, escolas, nos auditórios, em arredores, no meio da rua. Interagindo com crianças, jovens, adultos, maduros, estudantes, analfabetos, letrados, doutores, agricultores, donas de casa, funcionários, autônomos, comerciantes, comerciários, empresários, empregados, desempregados, biscateiros e ambulantes - enfim, com quem aparecer para ver. E não é de hoje que isso acontece. Pelo contrário, já faz quase uma década que a Companhia Teatral Manicômicos, ou simplesmente o Manicômicos, chegou à cidade, vinda de São Paulo. Aumentando ainda mais a riqueza da cultura tricentenária são-joanense, o Manicômicos criou aqui uma escola de "cultura" onde a comunidade de São João del-Rei e de dez outras cidades da região tem acesso a aulas de teatro, música, artes plásticas, dança e literatura, tudo finalizando na criação d

Ouro, glória e memória para festejar os 300 anos da Vila de São João del-Rei

A história de São João del-Rei começou no alvorecer do século XVIII, com a formação do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes, mas foi dez anos depois, no dia 8 de dezembro de 1713 - ainda no calor do incêndio da Guerra dos Emboabas -, que foi instituída a Vila de São João del-Rei. Surgia, assim, a quarta vila criada na Capitania de Minas Gerais. Desde o começo de 2013, mesmo sem constituir uma programação única, vários eventos vêm se dedicando a celebrar a efeméride. No Carnaval, os 300 anos de São João del-Rei foram o tema do bloco Carnaval de Antigamente , assim como a Semana Santa Cultural teve a mesma inspiração, inclusive nos tapetes de serragem e flores que se alastraram do Largo de São Francisco à Rua da Prata. Agora, chegou a vez do Museu Regional de São João del-Rei também incluir este fato histórico no seu programa anual de exposições, o que será feito a partir desta quinta-feira, dia 16, com a mostra São João del-Rei: 300 anos de ouro e glórias .

As boas coisas de São João del-Rei VIII: Alecrim Gastronomia a quilo

Imagine passeando pelo centro histórico de São João del-Rei encontrar, em uma das tantas esquinas, uma casa verde-água, com alpendre ao qual se chega subindo poucos degraus e um pequeno jardim, delimitado da rua por simpático gradil de ferro  retorcido. Imagine cruzar o alpendre e percorrer cômodos que um dia foram salas e quartos, anfitriões, uns espaços levando aos outros com a maior cortesia e hospitalidade. Em todos, a luminosidade e o frescor de janelas abertas para o meio-dia, para o toque dos sinos da Matriz do Pilar e da igreja de São Francisco. Imagine agora, tendo cruzado pouco a pouco as intimidades de uma cinquentona casa urbana mineira, chegar  à  generosa, ventilada e clara cozinha. Nada de fogões de lenha, panelas de pedra ou ferro, caldeirões, frigideiras, colheres de pau, sabores de tempos distantes. Não. Aqui, contemporâneas saladas frescas, frugais na sua diversidade de folhas, brotos, caules, frutos, polpas, espigas, cachos e sementes. Mais à frente, uma se

São João del-Rei festejou, com muita música, a libertação dos escravos

Não poderia ser diferente: foi com música barroca que São João del-Rei comemorou, em 13 de maio de 1889, o primeiro aniversário da assinatura da Lei Áurea. As solenidades formais aconteceram na igreja do Rosário - templo-sede da mais antiga irmandade negra constituída em Minas Gerais, em 1708, bem antes que o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar fosse elevado à categoria de Vila. Quem tocou foi a Orquestra Ribeiro Bastos. Certamente, depois das solenidades, pompas, salamaleques e circunstâncias, teve animado batuque, alegres cateretês e até mesmo rodas de irreverentes umbigadas no Largo do Rosário, Rua Santo Antônio e arredores. A negrada tem no sangue pura alegria! Desde seus primórdios, até hoje, São João del-Rei tem um número bastante expressivo de negros em sua população, mas antes que a Princesa Isabel assinasse a lei que proibiu o cativeiro e o trabalho escravo nas terras brasileiras, outra poderosa majestade já abrira, para os negros são-joanenses, a porta da liberdade

As duas faces radiantes do Divino Espírito Santo em São João del-Rei

    O Divino Espírito Santo é um só, mas em São João del-Rei, a fé, o poder e o mistério de Pentecostes são celebrados de duas diferentes maneiras. Entretanto, todas elas são festa flamejante e já começaram com grande vitalidade e entusiasmo, no centro histórico e nos bairros, principalmente no de Matosinhos. No alto da Muxinga, na dourada capela do Espírito Divino, a programação, cheia de missas, novena, matinas, Te Deum Laudamos e procissão, têm tom mais solene, tradicional como convém a geografia e ambiente elevados e barrocos. Recentemente integrada ao patrimônio artístico-religioso-cultural de São João del-Rei, ela é uma extensão da Matriz do Pilar, sede das tricentenárias irmandades responsáveis pelas mais tradicionais cerimônias barrocas da cidade. Enquanto isso, no moderno santuário do Senhor Bom Jesus, que fica no coração do agitado bairro de Matosinhos, a devoção tem jeito e cor popular, com folias, missa inculturada, cortejo, cavalgada, procissões e show. Para ela,

Congadeiros colorem o céu, o chão e o coração de maio em São João del-Rei

Se no peito de São João del-Rei bate um sino, nos próximos dias - de 20 a 26 de maio - o coração são-joanense baterá como uma caixa de congado. O sangue correrá com o ruído de chocalhos e as cores suaves da devoção de Nossa Senhora ganharão mais vida e movimento, reverberarão em tons fortes nas fitas e papéis repicados que enfeitam os instrumentos, chapéus, roupas, estandartes e adereços dos congadeiros. É que a cidade será terreiro para o Encontro de Congadeiros das Vertentes . Mas não serão apenas a música tocada e cantada, as orações negras de antigamente, as danças, passos e saudações do povo que veio da África que darão corpo ao evento. Uma vasta programação, composta por atividades informativas, formativas e culturais, mostrará como é forte a cultura negra em São João del-Rei. Como ela é parte do dia a dia, como está ligada às nossas origens histórico-culturais e mais: como a despeito da cyber-realidade está viva e marca o compasso da batida de muitos corações. Infantis, jove

Maestrina Stella Neves Vale rege estrelas, auroras e crepúsculos na pauta celeste de São João del-Rei

Quando a noite do domingo passado, 28 de abril, chegou, cobriu com um manto negro o coração de São João del-Rei. Estrelas e lua cheia, sem clave de sol, no céu se organizaram em pauta silenciosa, a espera da maestrina que a partir de então as regeria. Os sinos, como poucas vezes nos trezentos anos da Vila de São João del-Rei, fizeram 24 horas de silêncio, solidários com a Música, que aqui perdera os braços de sua mãe. Dona Maria Stella Neves Valle deixou o mundo às 18 horas. Deitada placidamente com o uniforme preto da Orquestra Ribeiro Bastos, no centro da sede da Sociedade de Concertos Sinfônicos, suas mãos agora inertes acariciavam flores brancas notas musicais - ternura eterna dos anjos negros-dourados-barrocos que comandava nos coros das igrejas de São João del-Rei. Agora Dona Stella ajudará o Criador a reger a sinfonia do universo, acenando as mãos com determinação carinhosa e austera para orientar estrelas, planetas, luas, cometas,  brisas, estações, ventos, auroras e cre