Em São João del-Rei, a Festa de Passos de 2013 teve um significado especial: marcou as comemorações dos 280 anos da Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, fundada em 1733, apenas 20 anos após a instituição da quarta vila mineira - a Vila de São João del-Rei.
Para registrar a efeméride, a Mesa Administrativa da Irmandade brindou a cultura nacional com a restauração do pálio setecentista que sai nas procissões do Encontro e de Nossa Senhora da Piedade. Certamente único no Brasil, além de ser uma peça religiosa sem similar, o pálio é uma preciosa obra de arte, inclusive de importância museológica.
Rubro, no tom entre os vermelhos do sangue vivo e do coagulado, é todo bordado com fios de ouro, estampando todos os estigmas da paixão e outros elementos sacros. Também de fio de ouro são suas franjas e seus muitos pingentes. Seu sobrecéu é um firmamento de estrelas douradas, sob o qual, nas citadas procissões, o sacerdote carrega a custódia com a relíquia do Santo Lenho.
Além do pálio, a Irmandade resgatou a estampa tradicional de antigas alfaias, que vestem os andores, e também os velários que cobrem os andores de Nossa Senhora e do Senhor dos Passos, no percurso que fazem entre a Matriz do Pilar e as igrejas do Carmo e de São Francisco.
Para a Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, por mais tradicionais, artísticas e culturais que sejam, as celebrações que realiza são, acima de tudo, cultos de devoção e fé. Por isso são tão vivas, tão reais. Caminhando neste sentido, a Irmandade faz tudo para que a população acompanhe, entenda e verdadeiramente participe das solenidades que têm, em muitos trechos, orações e cantos em latim. Uma das alternativas encontradas foi a publicação e distribuição de livretos belamente ilustrados, como por exemplo o Setenário das Dores de Maria Santíssima.
A Festa de Passos é muito valorizada e querida da população são-joanense, que retribui o carinho e o zelo da Irmandade levando, na Sexta-feira das Dores e no Sábado de Passos, feixes de manjericão cheiroso para enfeitar os andores. Esta é a intenção que leva muitas famílias a plantarem e a cuidarem o ano inteiro, em seus quintais e jardins, desta planta aromática tão emblemática para São João del-Rei. E também das roxas orquídeas de outono, que cultivam com grande amor para o buquê que o Senhor dos Passos de São João del-Rei abraça, juntamente com sua cruz, quando segue por esquinas e becos coloniais até o Calvário, que fica do lado de cá da Serra do Lenheiro, entre o Pelourinho, o hospital e a escadaria das Mercês.
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