Que ainda hoje São João del-Rei é terra muito solene, todo mundo tem certeza. Que tal solenidade vem de longas datas, ninguém duvida. O que a todos sempre surpreende é que tanta pompa, desde sempre, acontece até nas circunstâncias mais impróprias e inusitadas.
Isso é o que se percebe ao ler o comentário publicado no dia 4 deste agosto na coluna Nhenhenhém da Rádio do Moreno, chamado Mensalão na Comarca de Brasília e transcrito abaixo. Nele, para referir-se a uma gafe ocorrida recentemente na capital do país, durante a abertura da primeira sessão do julgamento do mensalão, o jornalista Jorge Bastos Moreno recorreu à lembrança de uma história ( ou será estória?) contada por Tancredo Neves sobre a pompa e a circunstância que antigamente envolviam a entrada de réus no Tribunal de Júri de São João del-Rei. Leia e divirta-se!
Mensalão na Comarca de Brasília
Logo na abertura da primeira sessão do mensalão, o presidente do Supremo, Ayres Britto, confundiu os nomes dos convidados especiais da Corte com os dos advogados de defesa. Retomando a leitura, estendeu aos réus o tratamento de "doutor" que havia dado aos convidados, mas logo se deu conta de que, com isso, estava reverenciando os 38 acusados e passou a citá-los diretamente pelo nome, sem o honroso título.
A gafe de Ayres Britto me reportou ao que contava Tancredo Neves sobre como eram tratados os réus quando integrava a banca de advogados do Tribunal de Júri da Comarca de São João del-Rei.
Como em São João del-Rei tudo é solene, o juiz, segundo Tancredo, determinava:
- "Que entre o réu!".
Tocava-se uma corneta e entrava, como guarda de honra do réu, um soldado da PM, vestido de guerreiro romano, marchando forte e batendo continência com uma mão ao juiz e, com a outra, anunciando solenemente:
- "Sua excelência o réu!".
E tome palmas...
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Para ler e ouvir a Rádio do Moreno, acesse http://oglobo.globo.com/pais/moreno/posts/2012/08/04/coluna-nhenhenhem-458742.asp
Ilustração: reprodução de foto publicada na revista Manchete, edição especial sobre a morte de Tancredo Neves
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