Há 180 anos, no dia 7 de março de 1832, ao iniciar a construção do Abrigo dos Expostos, a Santa Casa de Misericórdia de São João del-Rei deu um passo importante para minimizar um problema muito comum no período colonial: o abandono clandestino de crianças pequenas (muitas ainda recém-nascidas) na porta de terceiros.
Na ocasião, a entrega da criança para o abrigo se dava de uma forma inusitada - ela era depositada em uma caixa giratória, fixada no tamanho exato de uma pequena janela. Uma vez movimentada, girava 180 graus, fazendo com que a abertura passasse da pessoa que estivesse "dispensando" a criança para o encarregado de recolhê-la pela instituição, sem que ambos se vissem.
Nas cidades e vilas em que existia, este engenho era conhecido como Roda dos Expostos, ou Caixa dos Enjeitados, e as crianças indesejadas, nele entregues, ou eram voluntariamente adotadas por religiosos e famílias caridosas, ou eram criadas no abrigo mantido pela Santa Casa. Antes da adolescência, já ajudavam nos trabalhos mais leves e muitas, mesmo atingindo a maioridade, continuavam morando no abrigo e servindo no hospital provedor da instituição que as acolhera e educara.
Vinte e seis anos depois de instituído o Abrigo dos Expostos de São João del-Rei, foram criadas quatro loterias, com autorização do Imperador Pedro II, para arrecadar recursos destinados a custear as despesas com alimentação e educação das crianças e jovens enjeitados e ali residentes.
A evolução dos tempos e da sociedade terminou por reduzir a quantidade de crianças entregues na Caixa dos Expostos. Por isso, em 1888 foi sugerido que a "Casa das Expostas" (Abrigo dos Expostos) fosse transformada em Asilo de Órfãos, que mais tarde veio a ser o conhecido Orfanato.
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Fonte:
CINTRA, Sebastião de Oliveira. Efemérides de São João del-Rei. Volume I. 2a edição revista e aumentada. Imprensa Oficial. Belo Horizonte. 1982.
Ilustração: fachada da Santa Casa de Misericórdia de São João del-Rei (2011) - Foto do autor
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