Um personagem importante no Reino de Momo anda desaparecido no Carnaval de São João del-Rei. O nome dele? Zé Pereira. Apesar de não ter registro civil nem domicílio fixo e declarado, ele divertiu muitos foliões são-joanenses em vários carnavais, mas não é visto na cidade desde a metade dos anos sessenta.
Mas afinal quem era esse tal Zé Pereira? Eram blocos carnavalescos espontâneos e independentes que, segundo jornais que circularam na cidade no início do século XX (Passarelli, 2005), eram capitaneados pelas bandas de música, reuniam muitos brincantes, tinham estandartes e carros alegóricos montados sobre carroças e puxados por animais, quando não empurrados pelos próprios foliões.
Há notícias de que em 1921, em nossa cidade, um Zé Pereira foi puxado pela "Banda de Música do 11º Regimento, uniformizada a caráter".
Com o passar do tempo, a urbanização, a industrialização, a proletarização e o enrijecimento das estruturas socioeconômicas, as agremiações Zé Pereira foram perdendo a identidade organizacional, passando seu nome a denominar agremiações carnavalescas informais, espontâneas e improvisadas.
Possivelmente surgiram aí os blocos de sujo que, não contando com banda musical nem com carros alegóricos, se ritmavam com batucadas feitas em latas, frigideiras, chocalhos, reco-recos, tamborins, etc, carregados de crítica e irreverência.
Nos antigos blocos de sujos, predominavam fantasias que pintavam ou mascaravam o rosto, para esconder, pelo anonimato, a identidade do folião. Era comum mulheres fantasiarem-se de gatinhos, cobrindo o rosto com uma fronta branca com as pontas amarradas formando a orelha do felino e vestindo calças compridas, paletó e gravata. Disfarçavam até a voz, para não serem reconhecidas. Também eram comuns as fantasias de Nega Maluca, estas vestidas por homens. Preconceituosamente, a fantasia de Nega Maluca, a um só tempo debochava - e com exagero cruel - da condiçao feminina e das mulheres negras.
Zé Pereiras e blocos de sujo tinham, entre outros valores, o estímulo à livre participação, à iniciativa, à espontaneidade, à expressão e ao espírito de coletividade. São João del-Rei bem podia deixar um pouco de lado o carnaval pasteurizado dos blocos de abadás e camisetas e resgatar os Zé Pereiras e os blocos de sujo. Seria mais rico culturalmente, mais original e mais divertido.
Referência: Ulisses Passarelli - Dez antigas notícias do folclore de São João del-Rei. Revista no 11 do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, 2005
Mas afinal quem era esse tal Zé Pereira? Eram blocos carnavalescos espontâneos e independentes que, segundo jornais que circularam na cidade no início do século XX (Passarelli, 2005), eram capitaneados pelas bandas de música, reuniam muitos brincantes, tinham estandartes e carros alegóricos montados sobre carroças e puxados por animais, quando não empurrados pelos próprios foliões.
Há notícias de que em 1921, em nossa cidade, um Zé Pereira foi puxado pela "Banda de Música do 11º Regimento, uniformizada a caráter".
Com o passar do tempo, a urbanização, a industrialização, a proletarização e o enrijecimento das estruturas socioeconômicas, as agremiações Zé Pereira foram perdendo a identidade organizacional, passando seu nome a denominar agremiações carnavalescas informais, espontâneas e improvisadas.
Possivelmente surgiram aí os blocos de sujo que, não contando com banda musical nem com carros alegóricos, se ritmavam com batucadas feitas em latas, frigideiras, chocalhos, reco-recos, tamborins, etc, carregados de crítica e irreverência.
Nos antigos blocos de sujos, predominavam fantasias que pintavam ou mascaravam o rosto, para esconder, pelo anonimato, a identidade do folião. Era comum mulheres fantasiarem-se de gatinhos, cobrindo o rosto com uma fronta branca com as pontas amarradas formando a orelha do felino e vestindo calças compridas, paletó e gravata. Disfarçavam até a voz, para não serem reconhecidas. Também eram comuns as fantasias de Nega Maluca, estas vestidas por homens. Preconceituosamente, a fantasia de Nega Maluca, a um só tempo debochava - e com exagero cruel - da condiçao feminina e das mulheres negras.
Zé Pereiras e blocos de sujo tinham, entre outros valores, o estímulo à livre participação, à iniciativa, à espontaneidade, à expressão e ao espírito de coletividade. São João del-Rei bem podia deixar um pouco de lado o carnaval pasteurizado dos blocos de abadás e camisetas e resgatar os Zé Pereiras e os blocos de sujo. Seria mais rico culturalmente, mais original e mais divertido.
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Referência: Ulisses Passarelli - Dez antigas notícias do folclore de São João del-Rei. Revista no 11 do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, 2005
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