Pular para o conteúdo principal

Em São João del-Rei, quem clareia o dia é sempre a clave de sol...


Nesta terça-feira, 22 de novembro, a 30a Semana da Música de São João del-Rei chega ao final, com uma merecida homenagem a Santa Cecília - padroeira da Música e dos músicos. Foram nove dias de intensa programação, composta por dezesseis eventos culturais - retretas, concertos, missas barrocas, tríduo e procissão, da qual participaram duas orquestras bicentenárias, a centenária Banda Theodoro de Faria, a quase centenária Sociedade de Concertos Sinfônicos e diversas corporações musicais são-joanenses remanescentes do século XX ou criadas no século atual.

Folheando o livro Efemérides de São João del-Rei, mais precisamente a página 485 do volume 2, vemos que, em 1966 a cidade começou um movimento cultural, focado na música, de finalidade muito semelhante à que se propõe a Semana que nesta terça-feira se encerra. Era o Festival de Música de São João del-Rei, organizado pelo Serviço de Recreação e Turismo da Prefeitura Municipal. Também a data de sua realização coincidia com a do evento atual: a semana do dia 22 de novembro, dedicado a Santa Cecília.

A programação brindava a população são-joanense com música erudita e popular de qualidade, em operetas, missas, concertos e retretas que reuniam as orquestras Lira Sanjoanense e Ribeiro Bastos, a Banda Theodoro de Faria, a Sociedade de Concertos Sinfônicos, alunos e professores do Conservatório Padre José Maria Xavier. Como convidados na primeira e segunda edição do Festival, participaram a corporação Lira Ceciliana, de Prados, a Banda do Batalhão de Guardas da Guanabara,  o Coral da Universidade Federal de Juiz de Fora, a Sociedade Musical Carlos Gomes, de Santos Dumont, e o Balé Musical do Teatro Francisco Nunes, de Belo Horizonte.

Segundo o historiador Sebastião Cintra, autor da obra citada como referência deste post, participação destacada no Festival tiveram os músicos são-joanenses e cidadãos devotados que, nos anos sessenta e setenta, davam vida e dinamismo ao universo cultural de São João del-Rei. Só para citar alguns nomes, como exemplo: Djalma Tarcísio de Assis, maestro Pedro de Souza, Domingos Cirilo Assunção, Benigno Parreira, Sílvio de Araújo Padilha, Mercês Bini Couto.
............................................................................
Leia também
http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com/2011/04/o-pai-da-musica-vive-em-sao-joao-del.html
http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com/2011/11/uma-semana-de-musica-e-de-nove-dias-em.html

Comentários

  1. Olá Antônio Emílio, adorei seu resgate sobre o Festival da música, mais uma informação preciosa que descubro aqui. Sobre a 30ª Semana da Música, pude acompanhar todas as apresentações e se quiser ilustrar sua matéria com alguma foto do evento, coloco algumas que fiz à sua disposição. Um abraço e até mais http://www.facebook.com/media/set/?set=a.147020712066571.22188.100002759288615&type=3

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Debaixo de São João del-Rei, existe uma São João del-Rei subterrânea que ninguém conhece.

Debaixo de São João del-Rei existe uma outra São João del-Rei. Subterrânea, de pedra, cheia de ruas, travessas e becos, abertos por escravos no subsolo são-joanense no século XVIII, ao mesmo tempo em que construíam as igrejas de ouro e as pontes de pedra. A esta cidade ainda ora oculta se chega por 20 betas de grande profundidade, cavadas na rocha terra adentro há certos 300 anos.  Elas se comunicam por meio de longas, estreitas e escuras galerias - veias  e umbigo do ventre mineral de onde se extraíu, durante dois séculos, o metal dourado que valia mais do que o sol. Não se tem notícia de outra cidade de Minas que tenha igual patrimônio debaixo de seu visível patrimônio. Por isto, quando estas betas tiverem sido limpas e tratadas como um bem histórico, darão a São João del-Rei um atrativo turístico que será único, no Brasil e no mundo. Atualmente, uma beta, nas imediações do centro histórico, já pode ser visitada e percorrida. Faltam outras 19, já mapeadas, dependendo da sensi

Em São João del-Rei não se duvida: há 250 anos, Tiradentes bem andou pela Rua da Cachaça...

As ruas do centro histórico de São João del-Rei são tão antigas que muitas delas são citadas em documentos datados das primeiras décadas do século XVIII. Salvo poucas exceções, mantiveram seu traçado original, o que permite compreender como era o centro urbano são-joanense logo que o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes tornou-se Vila de São João del-Rei. O Largo do Rosário, por exemplo, atual Praça Embaixador Gastão da Cunha, surgiu antes mesmo de 1719, pois naquele ano foi benta a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, nele situada e que originalmente lhe deu nome. Também neste ano já existia o Largo da Câmara, hoje, Praça Francisco Neves, conforme registro da compra de imóveis naquele local, para abrigar a sede da Câmara de São João del-Rei. A Rua Resende Costa, que liga o Largo do Carmo ao Largo da Cruz, antigamente chamava-se Rua São Miguel e, em 1727, tinha lojas legalizadas, funcionando com autorização fornecida pelo Senado da Câmara daquela Vila colonial.  Por

Padre José Maria Xavier, nascido em São João del-Rei, tinha na testa a estrela da música barroca oitocentista

 Certamente, há quase duzentos anos , ninguém ouviu quando um coro de anjos cantou sobre São João del-Rei. Anunciava que, no dia 23 de agosto de 1819, numa esquina da Rua Santo Antônio, nasceria uma criança mulata, trazendo nas linhas das mãos um destino brilhante: ser um dos grandes - senão o maior - músico colonial mineiro do século XIX . Pouco mais de um mês de nascido, no dia 27 de setembro, (consagrado a São Cosme e São Damião) em cerimônia na Matriz do Pilar, o infante foi batizado com o nome  José Maria Xavier . Ainda na infância, o menino mostrou gosto e vocação para música. Primeiro nos estudos de solfejo, com seu tio, Francisco de Paula Miranda, e, em seguida dominando o violino e o clarinete. Da infância para a adolescência, da música para o estudo das linguas, José Maria aprendeu Latim e Francês, complementando os estudos com História, Geografia e Filosofia. Tão consistente era seu conhecimento que necessitou de apenas um ano para cursar Teologia em Mariana . Assim, j