São João del-Rei já conta as horas para chegar a próxima sexta-feira, 15 de julho. No anoitecer daquele dia a cidade assistirá, embevecida, à coroação de Nossa Senhora do Carmo, na véspera de seu dia maior. Há séculos é assim.
Sinos, perfumes, flores, foguetórios, música, incensos, silencios e lágrimas. O Largo do Carmo será só emoção, devoção e adoração. No dia seguinte, quando a procissão sair da igreja, de dentro dos bares, das janelas dos casarões, do portão do cemitério, do Mercado Municipal, da peixaria da esquina, da loja de artigos de umbanda, da padaria, do posto de gasolina, de todas as quinas e esquinas ecoarão vivas à santa que aqui veio morar há quase trezentos anos.
Tanto tempo faz com que tudo seja cercado de lendas. Acreditavam os muito antigos que a igreja fosse construída sobre uma mina de ouro, em cujas profundezas corria o bíblico Rio Jordão e dormia a Serpente que tentou Eva, quando Deus criou o mundo. Tinham medo: se a Serpente acordasse, acabava o mundo...
Suspeitavam que o Diabo, tendo roubado o corpo de um defunto, em um sobradão próximo, houvesse deixado em seu lugar no caixão fechado um pesado tronco de bananeira. Também assim enganava a todos. Cultivavam fantasias de que um homem poderoso e devasso, em noite de amor dormindo nos braços de uma linda mulher da vida, na zona vizinha da igreja, acordou em desespero, sozinho, abraçado à cruz de uma sepultura, no cemitério vigilante...
Tudo farrapos do tempo, do medo civilizatório, da imaginação sombria e da existência solitária. A verdade é que há seculares betas de onde se extraiu muito ouro nas imediações do Largo do Carmo. Betas com galerias profundas que, descendo transversais, terra adentro, como ruas subterrâneas, transpassam o histórico e funeral subsolo rumo a si mesmas ou a lugar nenhum. Imponente, o cemitério existe e resiste. A zona boêmia, essa, existiu.
Voltando à realidade, veja, abaixo. imagens da coroação e da rasoura de Nossa Senhora, nos arredores da igreja do Carmo.
Sinos, perfumes, flores, foguetórios, música, incensos, silencios e lágrimas. O Largo do Carmo será só emoção, devoção e adoração. No dia seguinte, quando a procissão sair da igreja, de dentro dos bares, das janelas dos casarões, do portão do cemitério, do Mercado Municipal, da peixaria da esquina, da loja de artigos de umbanda, da padaria, do posto de gasolina, de todas as quinas e esquinas ecoarão vivas à santa que aqui veio morar há quase trezentos anos.
Tanto tempo faz com que tudo seja cercado de lendas. Acreditavam os muito antigos que a igreja fosse construída sobre uma mina de ouro, em cujas profundezas corria o bíblico Rio Jordão e dormia a Serpente que tentou Eva, quando Deus criou o mundo. Tinham medo: se a Serpente acordasse, acabava o mundo...
Suspeitavam que o Diabo, tendo roubado o corpo de um defunto, em um sobradão próximo, houvesse deixado em seu lugar no caixão fechado um pesado tronco de bananeira. Também assim enganava a todos. Cultivavam fantasias de que um homem poderoso e devasso, em noite de amor dormindo nos braços de uma linda mulher da vida, na zona vizinha da igreja, acordou em desespero, sozinho, abraçado à cruz de uma sepultura, no cemitério vigilante...
Tudo farrapos do tempo, do medo civilizatório, da imaginação sombria e da existência solitária. A verdade é que há seculares betas de onde se extraiu muito ouro nas imediações do Largo do Carmo. Betas com galerias profundas que, descendo transversais, terra adentro, como ruas subterrâneas, transpassam o histórico e funeral subsolo rumo a si mesmas ou a lugar nenhum. Imponente, o cemitério existe e resiste. A zona boêmia, essa, existiu.
Voltando à realidade, veja, abaixo. imagens da coroação e da rasoura de Nossa Senhora, nos arredores da igreja do Carmo.
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