Engana-se quem pensa que a única finalidade dos sinos de São João del-Rei, além de compor as torres das belas igrejas barrocas, é informar e anunciar, em linguagem setecentista, as horas, missas, novenas, quinquenas, trezenas, tríduos, ofícios, procissões, partos difíceis, agonias, mortes e sepultamentos.
Ao darem vida e enriquecerem a tão singular sonoridade são-joanense, eles desempenham outra função, pouco conhecida na própria cidade. São talismãs sonoros que, ao dobrarem e repicarem, lançam céu afora, em forma de notas musicais, proteção contra tormentas e desejo de ventura, até os limites onde seu som, mesmo morrendo, alcança.
Esta missão lhes é confiada no momento em que, antes de serem elevados pela primeira vez à torre, recebem a bênção do batismo e também o nome. A oração, rezada para o sino São João da Cruz, que este ano subiu para uma torre da igreja do Carmo, diz o seguinte:
"Que dos lugares onde ressoar este sino
se afaste para longe
a virtude das ciladas dos inimigos,
a sombra dos fantasmas,
a violência dos turbilhões,
os golpes dos raios,
os estragos das trovoadas,
os desastres das tempestades
e todos os espíritos das procelas."
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Reproduzida de mural exposto na sacristia da igreja do Carmo de São João del-Rei, em 01/08/2014.
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